segunda-feira, 18 de julho de 2011
Queen: 'A Night at the Opera'
Talvez, não se compare o ecletismo de estilos e os flertes de instrumentos de diversas culturas que tem o álbum A Night at the Opera, que segudo o guitarrista Brian May, é o Sgt. Pepper da banda. Primeiramente, com o sucesso comercial de Sheer Heart Attack, seu primeiro grande álbum gravado e com "Killer Queen" tendo ganho sucesso mundial, a banda ainda não tinha um tostão, e os seus empresários e donos da Trident com carros novos a cada dia e com roupas cada vez mais caras, mas o vocalista Freddie Mercury desconfiou e tratou de fazer um jeito com que o Queen se livrasse desses mercenários.
Primeiramente, depois de terem conseguido se livrar da Trident, a EMI contratou a banda, que teve todo o tempo do mundo para gravar o que até hoje, por todos os fãs e críticos musicais que sempre reverenciaram esse disco, é a obra-prima e o disco mais importante da carreira do Queen. Mesmo depois de terem se livrado dessa, Freddie Mercury ainda estava com sede de vingança. Bem, a vingança foi bem feita pois até os outros membros ficaram nauseados de tanto ouvir. Talvez foi a única vez em que, em uma canção da banda, Mercury tenha se tornado tão obcessivo e maldoso ao mesmo tempo. E você pode reparar nas letras.
"Death on Two Legs" é tão hard-rock, tão pesada, tão malvada e tão arrogante. A letra é a mais cruel que Mercury escreveu durante sua carreira de compositor e líder da banda. A raiva flerta um pouco com a ironia com os solos sínicos de May, quando é acompanhado pelo refrão cantado por Mercury: "Death on two legs/You're tearing me apart/Death on two legs/You've never had a heart of your own" ("Morte sobre duas pernas/Você está acabando comigo/Morte sobre duas pernas/Nunca teve um coração"). A canção confronta com o clima ostil que o grupo tinha com os seus empresários mercenários. Todo o mundo sabe que Mercury escreveu "Death on Two Legs" para eles, mas para o Queen não se complicar em possíveis processos.
Temos de tudo um pouco, e com muita produção cara, as faixas foram bem gravadas, um dos exemplos é "I'm in Love With My Car", de Roger Taylor. Afinal de contas, A Night at the Opera é o álbum de rock mais caro já concebido em toda a história musical. É uma canção de hard-rock com os vocais de Taylor confrontando com a sua bateria. Quanto ao estilo do álbum, A Night at the Opera tem as mesmas características que seu antecessor, Sheer Heart Attack, onde reunem inúmeras camadas vocais de puras harmonias líricas, na qual o exemplo perfeito em Sheer Heart Attack é uma música que se chama "Bring Back That Leroy Brown", que traz os vocais em camadas exageradas demais e fez com que poluísse a música da banda. É claro que o seu antecessor é algo mais pesado, mais glam, e A Night at the Opera é mais sofisticado. E quanto à abstração lírica, nesse álbum, não temos algo que seja considerado poluído dentro do álbum.
De repente, de dentro de sua inspiração e seu inconsciente, o baixista John Deacon decidiu discutir com a banda para que sua canção fosse o primeiro single do álbum. "You're My Best Friend" é uma balada pop simples que simplesmente conquistou todos os públicos, principalmente os americanos. Realmente foi um sucesso. Com o seu piano tocado pelo mesmo, e com os vocais de Freddie soando perfeitamente, a música se tornou uma das primeiras a se fixar no ouvinte, para aqueles que amam e para aqueles que não gostam, mas sabem de quem é a música. Foi como o produtor do disco, Roy Thomas Baker, disse: "A qualidade de sons diversificados que tem o Queen sempre foi ouvido e fez com que qualquer um, até os que não gostam do grupo os identifique ao ouvi-los."
E Roy Thomas Baker tem razão. Tudo é definido em "camadas". Em A Night at the Opera inteira, não sabemos ao certo de quantas camadas vocais e instrumentais foram gravadas. Em camadas, disso nós temos certeza que isso me soa com ópera de boa qualidade. As vozes dos quatro inteiras definindo o backing vocals da banda são de uma harmonia grande e bonita.
Do lado folk, acústico, nós temos "'39", que é uma canção folclórica de Brian May. O heavy-metal aparece em "Sweet Lady", a balada romântica de Freddie, "Love of My Life", que foi desejada para o amor de toda a sua vida, Mary Austin e o rock-progressivo está na profética "The Prophet's Song" (baseada em um sonho que May teve na época, e também, de longe, a música mais longa que a banda gravou).
Muito foi dito sobre "Bohemian Rhapsody". O segundo single do álbum, contendo "I'm in Love With My Car" no lado B, "Rhapsody" definiu a cultura pop. Foi uma confusão quando os três integrantes viam Freddie dizer, "E esta é a parte da ópera!". "Realmente, nós estávamos bastante confusos, e não sabíamos onde Freddie queria chegar com esta obra de arte." Duas semanas foram o tempo certo para gravarem, e mais de 180 camadas gravadas (contendo o lado da ópera e do resto da música), Freddie definiu a música pop com uma balada pop que ao mesmo tempo, tinha uma letra triste e de uma melâncolia, que muitas vezes, o próprio vocalista afirmava ser sobre ele, um verdadeiro "Boemio".
De todas as aquisições e qualidades, A Night at the Opera deu o sucesso para o Queen seguir seu sonho de continuar suas grandiosas carreiras, e "Bohemian Rhapsody" definiu a banda inteira, até os dias de hoje. Pode até ter definido a banda, mas foi essencial para o reconhecimento grandioso e único.
10 de 10
Leonardo Pereira
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